quarta-feira, abril 13, 2005

POR FALAR EM TOLERÂNCIA



Alberione, Tiago (org.) Coleção "ut unum sint" - POR FALAR EM TOLERÂNCIA, edi. Paulinas,1960

Comprei este livro por um real no sebo da biblioteca Cassinano Ricardo. Não sou da opinião de que aquela biblioteca contém um bom acervo, é mesmo uma vergonha para São José ter uma referência bilbiográfica tão fraca, logo na cidade polo-industrial do Vale do Paraíba.

O livro discute a política católica ao longo dos séculos, os "erros" e os "acertos" católico-políticos. Através de um dialogo entre dois homens, Carlos e Gustavo, no qual um é cético e o outro religioso, discutem temas polêmicos, como inquisição, com enfase na inquisição espanhola, fanatismo, entre outros. Algo interessante, ao menos para mim, um leigo nos assuntos católicos, é a parte INDEX que fala sobre a proibição de livros para a população. A igreja controlando a bibliografia, o que deve ou não ser lido pelas outras pessoas.
O livro é muito antigo, mas de linguagem extremamente simples. Não é um livro tão interessante, por não tratar de fatos mais recentes e por não aprofundar em nenhum assunto, é tudo resumido.

domingo, abril 10, 2005

A DROGA DA OBEDIÊNCIA




Bandeira, Pedro, 1942 -- A DROGA DA OBEDIÊNCIA, editora Moderna Ltda.

Um grupo de alunos denominando-se Os Karas começam a analisar um crime que não era de brincadeira. O grupo é formado por quatro jovens de classe abastada de São Paulo, estudam todos no mesmo colégio, o colégio Elite, e todos tem qualidades sobressalente. Um outro menino muito esperto descobre o grupo e forçosamente acaba fazendo parte dos Karas. Crianças de vários colégios de classe alta começam a desaparecer, e os Karas estão intrigados com isto. Os próximos são do colégio Elite e até mesmo um deles. Seguindo pistas e usando o intelecto de Crânio eles descobrem que os alunos foram seqüestrados para experiências com uma droga nova chamada A Droga da Obediência. Esta droga visa deixar as pessoas sem inciativa, sem vontade, fazendo apenas o que ordenado.O comandante dessa experiência é o Dr. QI, ele quer dominar o mundo, criando classes sociais onde todos são feliz com suas condições, trabalhando para o avanço social. O inventor da droga não teve a intenção de utilizá-la para fins maléficos, então ele decide ajudar os Karas a acabar com a Pain Control e o seu dono Dr. QI. Com a ajuda de um policial que não estava sendo corrompido pela Pain Control, eles conseguem acabar com a quadrilha, mas e o Dr. QI? ninguém sabia quem era. Sendo tão inteligente, conseguiu ele escapar?

A Droga da Obendiência é um livro de literatura infanto-juvenil que tem por meta mostrar o que as drogas podem causar nas pessoas, não somente aquelas alucinogenas e ilicitas, mas também os medicamentos em geral. E também como uma pessoa pode controlar a outra usando este tipo de estratégia. O livro é muito bom. Eu enquanto lia, pensei se Pedro Bandeira não tinha lido algum dia O Admirável Mundo Novo de Adous Huxley, mesmo sendo a história diferente e visando um publico diferente, a semelhança encontra-se no fato de o Dr. QI querer criar uma sociedade estéticamente contente com sua condição, anulando assim qualquer iniciativa intelectual do sujeito. Em O Admirável Mundo Novo um grupo de cientistas criam uma sociedade perfeita, onde todos são feliz em suas condições e niguém quer ter a condição social do outro. Até mesmo o intelecto dos individuos são monitorados e ninguém pensa mais do que deve e se caso alguém se sinta mal, há sempre a droga chamada SOMA que faz a pessoa ficar idiota por algumas horas, em transe, sentindo se muito bem. O Soma e a D.O são duas drogas um tanto semelhantes.
Eu achei interessante colocar aqui o trecho final do onde Pedro bandeira explica porque criou A Droga Da Obediência, veja:

(...) Agora, eu quero falar do nascimento de A Droga da Obediência e a dor de cabeça que a provocou. Não, você não entendeu direito. Não foi a Droga da Obediência que me provocou dor de cabeça; foi a minha dor de cabeça que provocou (inspirou) A Droga da Obediência.
Há anos eu sofria de uma brutal dor de cabeça (...) chamada cefaléia de Horton.
Certa madrugada, acordado por uma crise violenta, fui para a minha mesa de trabalho esperar que passassem os habituais 50 minutos de dor. (...) Eu pensava quanto era injusto aquele sofrimento: a injeção que fazia cessar imediatamente a dor, por interesses puramente comerciais, deixara de ser fabricada. (...) Fiquei pensando, então, que existem várias maneiras de se exercer o poder. Que uma empresa, capaz de controlar a duração ou a intensidade da dor que alguém possa ter (...).
O controle da dor! O controle das mentes! O controle da vontade! A humanidade controlada por drogas, os desejos regulados, os protestos abafados! A obediência absoluta! A humanidade acarneirada por uma droga!
Pensei também: mas será que isso é apenas ficção? Será que tudo isso já não está acontecendo atualmente com a jovem humanidade drogada, vagando como idiotas semimortos, sem fé no futuro, sem fé em si mesmos e já sem força e a garra de que tanto precisamos?
Seria também impossível não somar, a essas inspirações sinistras, toda uma história de vida permeada pela exortação à mandado de cima para baixo, em um país esmagado pela tutela insana de um autoritarismo obediente, ele também, a interesses externos.
Assim naseu A Droga Da Obediência. Não é importante gostar do livro ou concordar com ele. É importante pensar no assunto. Ai, quem me dera que um mundo de jovens de órbitas vazias fosse apenas ficção!

sexta-feira, abril 01, 2005

CONTOS CONSAGRADOS




Assis, Machado de,1839-1908 CONTOS CONSAGRADOS/Machado de Assis; biografia por M. Cavalcantin Proença; introdução Ivan Cavalcanti Proença - Rio de Janeiro: Ediouro: (biblioteca folha; 25)

O livro é muito bem feito, com um estudo introdutivo excelente que pode ajudar muito a compreender o contexto histórico do autor e até em relação as obras. Quanto as obras são em si maravilhosas. Todos os contos são de extrema sofisticação com destaque para:

A igreja do diabo; a estória diz que o diabo cansado de seu governo anarquico, decide fazer um sistema hierarquico que não necessite própriamente a espera dos que escolhem seguir o caminho errado para tê-los em seu reino. Pensa, então, em fazer ele mesmo a igreja do diabo que visa os valores morais antagonicos como meta de ensino. O diabo consegue muitos devotos, mas no final, ele mesmo se decepciona com a traição que recebe, ao descobrir que algumas pessoas praticavam boas ações as escondidas. É uma estória bem interessante.

A cartomante; um conto romântico sobre um casal apaixonado que se encontram em certos problemas, uma carta misteriosa pede imediatamente que o protagonista dirija-se até onde a amada está, este muito inseguro do relacionamento decide antes passar na cartomante que lhe afirma um amor correspondido. Ele então cheio de confiança no coração chega a casa e encontra a amada assassinada, vale a pena ler.

Noite de almirante; muito engraçado, diz de um soldado que entra em alto mar e deixa na vila seu jovem amor. Fazendo juramentos de amor e fidelidade ele parte esperançoso e ela cheia de pesames. No seu retorno, acioso à reencontrar-la, ele tem a noticia que foi trocado. Não contente com a situação vai até a casa da amada e a encontra tão bela quanto antes, passam a noite a conversar, e antes de ir embora diz que vai se matar, mas acaba voltando para o barco e fingindo aos companheiros que teve uma noite boa com a amada.

Missa do galo; uma paixão de garoto de dezessete anos por uma mulher mais velha. A fantasia que ele cria envolta de uma sensualidade feminina. Tudo acontece de noite antes da missa do galo.

Uns braços; nesta parte, como uma continuação a missa do galo, ele tem a atração correspondida, recebe um beijo enquanto dorme e sem entender nada, percebe que a sua paixão (mais velha e casada) se afasta, depois recebe do marido a noticia de que deve deixar a casa onde se hospedava, ele o faz sem entender ou sem recentimentos.

O enfermeiro; uma estória com ótimo fundo moral. O enfermeiro contratado pelo general morimbundo sofre humilhações e violência corporal, no fim acaba matando o general estrangulado, depois descobre que a fortuna do finado é sua por herança, com peso na consciência resolve pegar e dar em donatários, mas depois é consumido pela ganância.

Há, também outras estórias como As Academias de Sião, Cantiga de Esponsais, A Desejada das Gentes, Conto de Escola e Um Apólogo, todas com estórias maravilhosas, uma crítica social invejavel. Vale a pena ler!