segunda-feira, novembro 13, 2006

O Cortiço (Aluísio de Azevedo)



Quem gosta de romance social naturalista deve ler este clássico. Digo isso porque me deixou estonteado uma leitura tão rica em conteúdo realista em contato tão próximo a realidade do Brasil 2006.
O cortiço data de 1890 e 116 anos após sua publicação o livro mostra em que situação vive a maioria do brasileiro hoje. A exploração do português foi substituída pela do americano, e a exploração do ser humano por ele mesmo; como mães que vendem o corpo das filhas, quando, elas mesmo não se vendem. Bem como pessoas morando aglomeradas em chamados cortiços em 1890 ou como conhecemos hoje, favelas.
Estas cada vez maiores, e não diferente do livro, hoje as favelas são habitadas por todo tipo de gente e faz-se uma sociedade a parte. Muita coisa acontece, muita gente se dá mal, para que uns poucos favorecidos possam desfrutar da riqueza, que obviamente não lhes pertence.
O Cortiço é um grito de desigualdade social que já serviu para muitos leitores como distração, passa tempo, e que hoje pode ser vista como uma profecia de como viriam a ser os habitantes do verde-amarelo.
Hoje em dia a Globo exibe novelas cheias de pobres e ricos num tom animado e sutil, sempre reforçando que o pobre é o excremento da sociedade, tendo que se adequar como pode as regras e demandas de mercado. Infelizmente muitas pessoas, principalmente a classe pobre abstêm da coisa e inventam a si mesmos, sempre explorando a si mesmos e a qualquer outra pessoa que possam. Existe um anseio de pertencer à sociedade, de estar incluído, que hoje no Brasil “fazer parte” é um dos principais mecanismos de comércio. João Romão, o protagonista, é um português ambicioso, que para conseguir alcançar o titulo de homem da sociedade é capaz de matar a seus próprios sentimentos. Leia e descubra por que.